Apresento-me como aluno no processo RVCC, Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências na Escola Secundária de Caldas de Vizela. Quando no primeiro dia em que fomos apresentados, formandos e formador, senti-me como um “galito” a arejar as penas. Sabia e sei das potencialidades que tenho, aprendidas nos anos em que fui aluno, acrescentadas pela vivência de algumas dezenas de anos. No contacto que vou tendo com os mais jovens, quer no âmbito familiar, quer na minha roda de amizades, apercebo-me de que não há assim um tão grande défice de conhecimento de parte a parte. Há até um conhecimento mais profundo em certas áreas, que o adulto adquiriu por experiência de vida.
Porém, a aprendizagem, mesmo quando se pensa ser um recalcamento do que se aprendeu, traz a mesma incógnita dos tempos em que se sabia estar a aprender, mas agora com novas variantes. O que é que aprendi? O que tenho feito com a aprendizagem? Qual o valor dos meus conhecimentos? Já Goethe (sec. XVIII) dizia, “Só sabemos com exactidão quando sabemos pouco, à medida que vamos adquirindo conhecimentos”.
Num dos primeiros textos que escrevi, supostamente para um dossier que hei-de construir, fiz, por instinto, referência à minha experiência de vida como se me revisse num “déjà-vú” revisitado. Sim, de facto já havia feito introspecções para discernir as encruzilhadas da vida, não que as atribua a fenómenos paramnésicos, mas porque faz bem parar de vez em quando para pensar. Este processo de RVCC está a ter mais uma vez esse efeito, só que agora com o objectivo claro de emancipação do ego e, com a garantia de qualidade. Através do visionamento analítico das aprendizagens decorrentes da experiência de vida de cada um, é bem possível reforçar esses conhecimentos complementados com trabalhos onde o ensino escolar tem de facto uma palavra a dizer. Essa palavra, essa esperança que muitos têm procurado e pelas mais variadas razões não acham, esse capricho ou procura do saber, pode muito bem, estar no processo RVCC.
As sociedades estão a enfrentar uma crise de “nivelamento”. A chamada “globalização” está a ter consequências na sociedade mundial e é preciso estar atento aos sinais dos tempos. O aluno RVCC, ao integrar as “Novas Oportunidades”, está a contribuir para esse “nivelamento”, está a atravessar a ponte geracional para melhor enfrentar as diferenças dum planeta cada vez mais complexo, cada vez mais de todos onde o esforço individual é importante para bem comum. Penso, por isso, que esta oportunidade que se dá aos cidadãos de poderem acrescentar à sua vida o reconhecimento institucional das suas capacidades enquanto cidadãos activos, é benéfica, tanto a nível pessoal, como num contexto global de uma sociedade mais activa e mais participativa.
Xavi
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