Jornal "O Cónego"
Edição 62, Fevereiro de 2009
Teoria da falência
Há alguns dias atrás, estava numa livraria e não pude deixar de escutar um sujeito, cliente certamente, que estava à conversa com a proprietária. Dizia ele que estava a ler um livro de 1925 e via nesse livro um retrato da actualidade. A situação económica e social, dizia, em tudo se assemelhava com a actual conjuntura.
Ora, não vai há muito que eu acabei de ler um outro livro, este escrito em 1880, e as situações ali narradas são o espelho do que se passa agora. O livro em questão é “Germinal” de Emile Zola, um escritor francês que retratou vários aspectos da sociedade francesa da época. Pois, nesse livro, ele retrata a luta de classe, duas faces da mesma moeda que se alimentam entre si, dependentes uma da outra num espaço onde têm de caber ambos. Uma crise financeira atirava para a ruína os senhores do dinheiro e o operário sofria com a fome, porque o sustento que lhe saía do trabalho escasseava.
O que foi antes, é algo muito actual em qualquer parte do mundo e afecta aqueles que sempre pensaram estar seguros num sistema protector e indestrutível. Agora chama-se lixo tóxico ou produtos tóxicos aos excedentes mortos do capitalismo. O capitalismo é o sistema mais produtivo conhecido até hoje, mas enriquece satélites que migram para lugar incerto. Muitos desses lugares são conhecidos, como esses falados paraísos fiscais, enquanto outros diluem-se em ostentações de riqueza que pouco ou nada contribuem para o bem da humanidade. Como resultado fica um núcleo empobrecido, instável. E, em última instância, corremos o risco de nos tornarmos nós mesmos, parte elementar desse núcleo, em lixo tóxico, alimentando este sistema caduco onde só o dinheiro vale.
Estamos de facto nos níveis de uma sociedade carente de outros tempos, mas este aspecto, creio que é mais visível no conteúdo material, porque no humano, devemos estar cada vez mais para o início dos tempos. A caminhar suportados pela força do dinheiro, depressa teremos as mãos e a alma vazias. Viver sem produzir, só serve os pobres, que o serão sempre mesmo que o dinheiro lhes cresça nas mãos.
A pergunta que continua a impor-se é se haverá alguém que duvide que a desgraça do capitalismo é a miséria do operário? E haverá alguém que duvide que o pior está para vir? Espero bem que em ambos os casos se coloque a dúvida, porque é nela que está a força para lutar e construir uma vida melhor.
Há alguns dias atrás, estava numa livraria e não pude deixar de escutar um sujeito, cliente certamente, que estava à conversa com a proprietária. Dizia ele que estava a ler um livro de 1925 e via nesse livro um retrato da actualidade. A situação económica e social, dizia, em tudo se assemelhava com a actual conjuntura.
Ora, não vai há muito que eu acabei de ler um outro livro, este escrito em 1880, e as situações ali narradas são o espelho do que se passa agora. O livro em questão é “Germinal” de Emile Zola, um escritor francês que retratou vários aspectos da sociedade francesa da época. Pois, nesse livro, ele retrata a luta de classe, duas faces da mesma moeda que se alimentam entre si, dependentes uma da outra num espaço onde têm de caber ambos. Uma crise financeira atirava para a ruína os senhores do dinheiro e o operário sofria com a fome, porque o sustento que lhe saía do trabalho escasseava.
O que foi antes, é algo muito actual em qualquer parte do mundo e afecta aqueles que sempre pensaram estar seguros num sistema protector e indestrutível. Agora chama-se lixo tóxico ou produtos tóxicos aos excedentes mortos do capitalismo. O capitalismo é o sistema mais produtivo conhecido até hoje, mas enriquece satélites que migram para lugar incerto. Muitos desses lugares são conhecidos, como esses falados paraísos fiscais, enquanto outros diluem-se em ostentações de riqueza que pouco ou nada contribuem para o bem da humanidade. Como resultado fica um núcleo empobrecido, instável. E, em última instância, corremos o risco de nos tornarmos nós mesmos, parte elementar desse núcleo, em lixo tóxico, alimentando este sistema caduco onde só o dinheiro vale.
Estamos de facto nos níveis de uma sociedade carente de outros tempos, mas este aspecto, creio que é mais visível no conteúdo material, porque no humano, devemos estar cada vez mais para o início dos tempos. A caminhar suportados pela força do dinheiro, depressa teremos as mãos e a alma vazias. Viver sem produzir, só serve os pobres, que o serão sempre mesmo que o dinheiro lhes cresça nas mãos.
A pergunta que continua a impor-se é se haverá alguém que duvide que a desgraça do capitalismo é a miséria do operário? E haverá alguém que duvide que o pior está para vir? Espero bem que em ambos os casos se coloque a dúvida, porque é nela que está a força para lutar e construir uma vida melhor.